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  • Foto do escritorAlexandre Alves

7 Princípios do Não Deixe Rastros

Dentro da minha relação com o ambiente natural, penso que quanto mais tempo as pessoas passam se divertindo na natureza, apreciando de alguma forma a vida simples nesses ambientes, mais essas pessoas irão se tornar zeladoras da natureza. É algo essencial nessa relação. Por viver/se relacionar da forma que vivemos, em tudo que vamos fazer, acabamos pensando: “O que eu posso ganhar ao fazer isso?”. Quando na verdade, dentro dessa relação, deveríamos pensar: “O que eu posso fazer para ajudar ou melhorar tal situação?”.


Acredito que esse pensamento deva existir em nós, pessoas que gostam de praticar atividades ao ar livre e que, de alguma forma, acabam impactando o ambiente onde essas atividades são realizadas, mesmo que de forma indireta.


Por isso, hoje resolvi comentar um pouco sobre os princípios do “Não Deixe Rastros”, traduzido do “Leave No Trace (LNT)”. Sabe aquela placa que você encontra no início de alguma trilha, dizendo: “Não tire nada além de fotografias, não deixe nada além de pegadas e não leve nada além de lembranças?” Pois bem, ela parece se encaixar perfeitamente dentro da lógica dos princípios do LNT.


É sabido que ao longos dos últimos anos, as atividades ao ar livre tem crescido muito no território nacional. Isso se dá em virtude do fácil acesso à informação que nós, como sociedade, dispomos. E claro, do fácil acesso à ambientes naturais como serras, parques, reservas e etc.


Inclusive, muito se diz a respeito do aumento da “busca por ambientes verdes” no pós-pandemia. Em virtude do tempo de isolamento e das restrições, muitos guias e pessoas voltadas às ambiente outdoor alegam que a procura por essas atividades e locais irá aumentar muito nos próximos anos.


Pois bem, dessa forma, teremos as pessoas que já visitavam esses locais, já praticavam determinadas atividades, somadas aos novos interessados por esse assunto. Então, é necessário que compreendamos quais são os impactos que causamos nesses ambientes e algumas formas de minimizá-los, buscando sempre realizar nossas atividades de uma maneira consciente, relacionadas aos aspectos do local em que estamos inseridos.


Dessa forma, o Leave No Trace parece surtir efeito perante essas atividades realizadas. Basicamente, são princípios a serem seguidos como maneiras de boa conduta e educação em ambientes outdoor. Princípios esses direcionados tanto para o comportamento das pessoas, como para a relação estabelecida entre o ambiente natural e o homem.


Por conta do aumento do interesse em atividades outdoor, é necessário que as pessoas entendam do que se tratam as atividades que estão dispostas a fazer e, claro, os riscos inerentes. Por isso, é imprescindível a busca por capacitação, cursos, convívio com pessoas mais experientes e vivência nesses lugares, por exemplo. Além disso, passamos a compreender esses ambientes como parte inerente das práticas e do estilo de vida que nos envolvem. À grosso modo, se não cuidarmos desses locais, não teremos onde praticar aquilo que gostamos.


Abaixo, vou apontar os 7 princípios do Leave No Trace que são apresentados na página oficial do LNT. Caso alguém queira conferir e buscar por mais assuntos relacionados e saber um pouco mais sobre a história do LNT, suas ações e etc., o link para o acesso estará no final da postagem. Além das fontes utilizadas para esse post.


7 princípios básicos do não deixe rastros:

1) Planeje com antecedência e se prepare:

O planejamento e a preparação realizados da maneira correta, ajudam os praticantes de atividades outdoor a cumprir suas metas de maneira segura e divertida, buscando minimizar tanto os danos para si, como para o ambiente. Um mau planejamento e preparo podem acabar acarretando problemas futuros no ambiente e colocar a vida dos envolvidos em risco.


E porque esse planejamento é importante? Ajuda a garantir a segurança dos grupos, além de preparar os integrantes para não deixar rastros e minimizar os danos aos recursos encontrados nas atividades. Contribui para a realização dos objetivos de maneira segura e divertida, aumentando a autoconfiança e as oportunidades de aprender mais sobre a natureza.


Alguns elementos listados para serem considerados durante o planejamento de alguma atividade em ambiente natural são: identificar e registrar os objetivos (expectativas) da empreitada, identificar as habilidades dos participantes, adquirir conhecimento da área que deseja visitar, se existe alguma propriedade particular, mapas e literaturas relacionadas ao local, por exemplo, locais por onde tal travessia percorre, por setores de escalada ou alguma via específica. Escolher e adquirir equipamentos e roupas que tragam conforto e segurança durante a atividade e é isso. Planejar a atividade combinando os objetivos, as habilidades e o equipamento necessário para a realização.


Além dessas questões, outros elementos a serem levados em consideração são: clima, terreno, regulamentos e restrições, limites de áreas privadas, distância de trilha a ser percorrida, consumo de comida e água, peso do equipamento a ser levado, tamanho de grupos e etc.


É importante dizer que o planejamento é uma preparação para tudo que pode acontecer durante uma aventura. As chances de precisar improvisar, se não houver um planejamento, são maiores, o que pode acarretar em um maior impacto nos locais em que visita.


2) Viaje e acampe em superfícies duráveis:

As trilhas estão ali por algum motivo! Elas impactam o lugar, mas foram estabelecidas justamente para ordenar o caminho pelo qual as pessoas percorrem. Criar novas trilhas e atalhos, além de degradar ainda mais o local com o pisoteio de espécies e causando erosão, pode causar confusões para futuras pessoas que irão visitar o ambiente. Por isso, o ideal é que se permaneça na trilha já estabelecida.


Acampe nos locais pré-determinados pelo parque ou pela organização do ambiente em que você está. Se não houver locais pré-determinados, o ideal é que as áreas de acampamento sejam em locais duráveis. Lembrando sempre de acampar, se possível, pelo menos numa distância de 70 metros de qualquer fonte de água.


Bons locais de acampamento são encontrados e não construídos. Não é necessário cortar nenhum galho ou arrancar nenhum tipo de vegetação para estabelecer um acampamento. Afinal, você tem, ou pelo menos deveria ter, uma barraca como abrigo, e não precisa criar um, como se estivesse no Largados e Pelados.


3) Descarte corretamente os resíduos:

TRAGA TODO O SEU LIXO DE VOLTA! Você levou aquele lixo para o ambiente, ele não estava lá até você chegar. Se levou, pode trazer de volta. Não descarte nada na natureza. Isso poderá impactar tanto a vida da fauna e flora, como a experiência de outros visitantes. Não é muito agradável buscarmos por ambientes cada vez menos antrópizados e encontrar com resto de comidas, embalagens e e claro, merdas a céu aberto, próximos a locais de acampamento e no meio das trilhas. Não queime e nem enterre o lixo. Traga-o de volta, simples!


Se o local que visitamos possui banheiros ou latrinas, ótimo! Podemos usar sem problema algum. Caso não haja, dependendo do ambiente e da superfície, podemos cavar um buraco, conhecido com “cat hole”, de aproximadamente uns 15 centímetros, longe uns 70 metros de qualquer corpo d’água. E claro, para fazer tal “serviço”, o ideal é que façamos em superfícies que comportem o buraco e que seja feito longe de trilhas e acampamentos, lembrando sempre de trazer o papel higiênico de volta. Em alguns casos, a superfície do terreno é muito rasa e rochosa, o que impede o “cat hole”. Alguns desses ambientes no Brasil recebem um elevado número de visitantes durante o ano. Travessias no Parque Nacional do Itatiaia, onde o uso do "shit-tube" é obrigatório e nas travessias da Serra Fina e Marins x Itaguaré, onde o uso do "shit-tube" é o mais recomendado, são apenas alguns exemplos de regiões com solo raso.


Além disso, ao lavar os utensílios de cozinha, não o faça em cursos d´água. O ideal é que se separe uma quantidade de água para a lavagem e que seja feita longe. Por isso, o planejamento envolve todas essas questões.


4) Deixe o que encontrou:

Não crie abrigos, não quebre ou arranque galhos. Não leve nada do ambiente para a sua casa, como pedras, flores e etc. Outras pessoas vão poder apreciar as belezas da paisagem se você deixar tudo em seu devido lugar. Não riscar rochas e nem árvores. Não é legal chegar em uma paisagem e ver inúmeros nomes de pessoas riscados em rochas ou árvores como formas de recordação. Essas pessoas não sabem o que fazem, e você não deve fazer o mesmo. Aquela placa, “Não tire nada além de fotografias, não deixe nada além de pegadas e não leve nada além de lembranças” se encaixa perfeitamente neste quarto princípio.


5) Minimize o impacto com fogueiras:

NÃO FAÇA FOGUEIRAS! Faça somente em locais apropriados para tal. Se o local em que você está não dispõe de nenhum tipo de local para fogueira ou coisa do tipo, não empilhe pedras para fazer uma! Poderá causar um incêndio. E ainda, impactar o solo com todo o fogo. Para a questão da comida, utilize fogareiros. Podem ser os de álcool, benzina e até espiriteira, mas nada de fogueiras. Deixe para fazer aquele churrasco na cidade. Para a iluminação, utilize lanternas. Para o aquecimento, utilize o vestuário adequado.


Em casos extremos, se julgar necessário e determinar que uma fogueira pode sim salvar a sua vida, em caso de hipotermia, por exemplo, busque o local mais favorável para fazer uma fogueira, mesmo que ainda sim não seja o mais adequado. Se o fizer, lembre-se de apagá-la completamente quando for embora e não deixar nenhum resquício.


Podemos ver que todas essas questões poderiam ser muito bem resolvidas com um bom planejamento, além é claro, da vivência nessas situações. Por isso, é importante buscar informações sobre equipamentos e os locais em que pretende se meter, para não correr risco de vida, afinal, você é responsável por isso tudo.


6) Respeite a vida selvagem:

Se encontrarmos algum animal durante nossa atividade, o ideal é observarmos à distância. Uma aproximação pode ser interpretada como ameaça e um ataque poderá colocar nossa vida em risco, ainda mais porque estamos em um ambiente nada favorável.


Não devemos dar comida aos animais. Por mais que seja tentador chamar aquele pássaro para comer algo próximo a nós, não devemos alimentá-los. Os animais desses ambientes apresentam cardápios específicos e uma mudança no hábito alimentar pode desencadear diversas consequências, como já pode ser visto no Parque Nacional do Itatiaia, por exemplo, onde pequenos pássaros e pequenos roedores se aproximam de nós na tentativa de conseguir algum pedaço de comida e podem até rasgar mochilas em busca de alimento. Ah, e até mesmo os lobos-guarás, comuns na região, que às vezes entram em barracas em busca de comida. O ideal é não alimentá-los e proteger bem nossa comida de possíveis ataques.


Não retirar plantas e flores dos locais onde as encontramos é o essencial. Assim, não modificamos a paisagem e não agredimos a vida silvestre.


7) Respeite outros visitantes:

Ser cordial com outros visitantes. Cumprimentar e ser educado sempre que possível. Além, é claro, de não atrapalhar a experiência dos outros. O ideal é que deixemos rádios e instrumentos sonoros longe desses locais. Caso seja algo importante para sua experiência, um fone de ouvido resolve o problema. Se necessário chamar a atenção de algum visitante, faça-o. Seja cordial e educado e explique a situação. Não tente se colocar numa posição de superior ou de que você sabe tudo, apenas tente conversar com a pessoa sobre a ação e explique quais podem ser as consequências.


Lembre-se de tratar bem os moradores locais. As áreas em que estamos inseridos não são nossas, então, somos os visitantes. Devemos respeitar as regras e aquilo que for estabelecido pelo órgão ou morador que gere e toma conta do local. Tanto em ambientes de montanha como em setores de escalada, e por aí vai. A boa conduta é aspecto inerente para o livre acesso em determinadas áreas. Inúmeros casos de confusão e baderna já foram causas de fechamentos de acesso a diversas áreas naturais.


Sempre que puder, opte pelos serviços locais. Seja de guias, resgates, hospedagem e etc. Assim, contribuímos para o fortalecimento da economia local.


Alguns locais restringem o acesso para animais domésticos, pois estes implicam em diversos impactos. Procure se informar sobre o local onde você está indo e se é permitido o acesso de animais domésticos.

 

Esses são os 7 princípios fundamentais do Não Deixe Rastros.


Como já mencionado, você é responsável por sua segurança e pela atividade que realiza no ambiente outdoor. Por isso, é imprescindível que planeje suas atividades, se oriente e se informe, busque por habilidades que possam ajudar e contribuir para que as experiências nesses ambientes sejam as mais incríveis. Faça cursos, ganhe experiência e usufrua com sabedoria do ambiente natural, afinal, quanto mais cuidarmos e fizermos a nossa parte, mais ele suportará nos receber.


Referências:


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